Artigo – Cidades inteligentes e planejamento municipal

O futuro da humanidade está nas cidades. Da convivência no espaço urbano nasceram a política e a democracia. Mais que concentrar as pessoas, elas centralizam a produção de riqueza, e isso só tem crescido à medida que os serviços e a tecnologia aumentam suas participações no PIB. Atualmente, 54% da população mundial e, no Brasil, 180 dos 210 milhões de habitantes vivem nas cidades.

Cada vez mais cidades planejam o seu desenvolvimento com metas de longo prazo, assim a sociedade civil é provocada a pensar no futuro. Instrumentos legais como o Estatuto das Cidades e a obrigação do uso de figuras de planejamento como o Plano Diretor e o Plano Plurianual devem ajudar nesse processo de mudança cultural.

A criação de planos de longo prazo tem sido impulsionada também por iniciativas globais como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que buscam promover a inclusão social, o desenvolvimento sustentável e a governança democrática no mundo até 2030.

Assegurar a sobrevivência desses planos de longo prazo é um desafio e para que isso ocorra é imprescindível o empoderamento da sociedade civil com a construção de plataformas inteligentes e conectadas em rede, para que os cidadãos participem de todo o processo de planejamento, além do monitoramento e avaliação dos resultados.

O futuro das cidades está na sustentabilidade, isso significa que espaços de moradia e trabalho terão que evoluir a fim de melhorar a qualidade de vida da população e a sua relação com o meio ambiente. O conceito de Cidades Inteligentes pressupõe a adesão às inovações, com o uso de soluções criadas por “startups” com sistemas interconectados de gestão.

Cidades inteligentes usam a tecnologia em serviços, plataformas de comunicação e informação para planejar espaços, detectar problemas e solucioná-los com agilidade. Sensores podem monitorar o trânsito, coleta de lixo, fornecimento de água e energia, entre outros. Toda essa inteligência será suportada por uma infraestrutura de cabos, fibra ótica, internet e rede de celulares.

Esse conjunto de fatores será o grande diferencial competitivo das cidades no século 21, pois, definitivamente, é nas cidades que se define a competitividade dos territórios.

Lauro Chaves Neto – Consultor, Professor da UECE e Doutor em Desenvolvimento Regional e Planejamento Territorial pela Universidade de Barcelona.