Fórum das mulheres economistas discutiu desigualdade de gênero

Cerca de 100 pessoas participaram das discussões promovidas pelo Fórum das Mulheres Economistas, realizado na manhã deste 7 de setembro, durante o XXII Congresso Brasileiro de Economia. O debate foi organizado pela conselheira do Cofecon e coordenadora do Grupo de Trabalho Mulher Economista, Bianca Andrade, e teve como expositoras Denise Gentil, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ); Eliane de Araújo, da Universidade Estadual de Maringá; Rosa Maria Marques, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Tânia Cristina Teixeira (PUC-MG).

Em sua apresentação, Eliane de Araújo destacou que é necessária a implementação de políticas ativas de mercado de trabalho para diminuir a desigualdade de gênero. “É fundamental pensar em políticas de conciliação entre a vida profissional e privada para apoiar a participação continua das mulheres no mercado de trabalho formal”, defendeu. Para a economista da Universidade Estadual de Maringá, é importante ir além de políticas anti-discriminação para eliminar as disparidades salariais entre homens e mulheres.

Denise Gentil apresentou dados sobre a Previdência Social e mostrou que, do ponto de vista do gasto, cada mulher aposentada custa menos do que um homem, mesmo com cinco anos a mais de recebimento do benefício. “Uma falácia machista dos interpretes da Previdência é quando falam que os homens sustentam a previdência feminina no Brasil. As mulheres vivem mais, mas recebem aposentadoria menos, portanto custam menos que os homens, o que é lamentável. Isso mostra que temos muito chão a percorrer no que se refere a políticas públicas de igualdade de gênero no campo da aposentadoria”, argumentou a economista Denise Gentil.

Tania Cristina Teixeira destacou a precarização de mulheres altamente qualificadas, que não recebem remuneração correspondente a dos homens. “Nós vamos observar que a atuação da mulher no mercado de trabalho corresponde a 43,8%. No entanto, apenas 10% ocupam cargos de direção”. Para a professora Tânia, é preciso chamar atenção para o fato de que são necessárias políticas públicas voltadas para que mulheres alcancem um patamar de escolaridade mais elevado e isso depende do aumento de escolas e creches em tempo integral. Também questionou o fato de que algumas mulheres “precisem” masculinizar atitudes para conquistar um espaço de destaque no mercado de trabalho.

O presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, acompanhou a discussão no Fórum e destacou a questão da representatividade das mulheres nas entidades profissionais “Hoje, no Cofecon, temos 18 conselheiros e apenas 2 são mulheres. Já tivemos 3, no ano passado, e retroagimos. A representação nos Conselhos Regionais de Economia também é pequena, são apenas 3 mulheres na presidência. Reconhecemos que nós precisamos mudar esses indicadores de representatividade também em nossas instituições”, avaliou.