Cerimônia de abertura do Congresso Brasileiro de Economia reuniu centenas de estudantes e profissionais da área

A cerimônia de abertura do XXII Congresso Brasileiro de Economia encheu o auditório principal do Minas Centro, em Belo Horizonte. O evento, que reúne economistas e estudantes de todo o Brasil, teve início nesta quarta-feira, 6 de setembro, e segue até o dia 8 com o objetivo de discutir “Desenvolvimento econômico, justiça social e democracia: bases para um Brasil contemporâneo”.

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e o vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac, prestigiaram a abertura do congresso. Estiveram na mesa de abertura, ao lado do presidente do Cofecon, Júlio Miragaya; do presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Paulo Bretas; e do diretor técnico do Sebrae-MG, Anderson Cabido. Fernando Pimentel recebeu, na ocasião, uma condecoração com a insígnia que identifica a profissão de economista no Brasil.

Após o presidente do Corecon-MG declarar o evento aberto, exibiu um vídeo em homenagem a todos os economistas brasileiros, em que eram apresentados jogos de palavras com questionamentos sobre política econômica do Brasil. Ao fazer uso da palavra, afirmou que “Nós temos, sim, muitas perguntas, e são as perguntas que movem o mundo. Quando paramos de perguntar, nos acomodamos. Grandes perguntas exigem respostas complexas, e esse é um congresso de perguntas e respostas complexas, assim como o momento exige”, declarou. Paulo Bretas destacou que democracia requer transparência, direito ao questionamento e à discussão.

O presidente do Corecon-MG apresentou quatro principais problemas do Brasil, que serão discutidos no evento: desigualdade social; endividamento público crescente e déficit fiscal; baixa produtividade das empresas e péssima qualificação dos trabalhadores; e comportamento pouco competitivo das empresas brasileiras. “Nós, como economistas, somo responsáveis pela busca de soluções. Precisamos ter coragem para enfrentar problemas e ajudar a tirar a população desse tipo de apatia e descrença que imobiliza”, argumentou.

O presidente do Cofecon destacou que o atual modelo tributário contribui para a desigualdade social no Brasil e apresentou a Campanha de iniciativa do Cofecon, focada nesta questão e que conta com o apoio de mais de 30 entidades. “A crise brasileira é estrutural, não há saída sem mexer no modelo tributário. Um único dado diz tudo: No Brasil, quem tem rendimentos de até dois salários mínimos tem carga tributária total de 49%, ao passo que aqueles com rendimentos acima de 30 salários mínimos têm carga tributária de 26%”, informou. Para Miragaya, o Brasil pode e deve voltar a crescer, mas de forma sustentável e inclusiva, distribuindo melhor a renda e riqueza, e não retirando direitos.

Durante a cerimônia de abertura do XXII CBE, foram entregues as honrarias Destaque Econômico do Ano, destinadas a condecorar entidades que contribuíram para o desempenho da Ciência Econômica, tanto no aspecto acadêmico quanto no aspecto aplicado. Na modalidade Economia, a honraria foi entregue a Universidade Estadual de Campinas, representada por Paulo Sérgio Fracalanza. Na modalidade Mídia, o jornalista João Borges recebeu a premiação representando a Globo News. Na modalidade Desempenho Técnico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi representado por Cláudio Dutra Crespo.

Um dos grandes homenageados da noite foi o economista Antonio Corrêa de Lacerda, ganhador do Prêmio Personalidade Econômica do Ano de 2016. Presidente do Cofecon em 1999, recebeu a honraria das mãos do atual presidente da autarquia. “Toda homenagem é gratificante, mas quando vem dos pares é especial”, agradeceu. Lacerda destacou o fato de que o Brasil passa pela maior crise de sua história e há um “apequenamento” da visão de política econômica e de desenvolvimento. “Vimos a simplificação de uma ciência ampla que fica restrita a problemas financeiros a curto prazo. É preciso que apresentemos para a sociedade que a economia é muito mais do que isso, desfazer mitos, criar alternativas e mostrar experiências internacionais que estão considerando uma visão mais ampla e política econômica e social”, afirmou.

A economista portuguesa naturalizada brasileira Maria da Conceição Tavares foi escolhida pelo Sistema Cofecon/Corecons como a grande homenageada do evento. Impossibilitada de participar do evento, foi representada pelo ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ex-ministro de Ciência e Tecnologia e mestre-doutor em Ciência Econômica pela Unicamp, professor Clélio Campolina. Durante a cerimônia, foi exibido um vídeo produzido pelo Cofecon para homenageá-la. “A professora manifestou profundo agradecimento e honradez com o título. Eu a conheço a mais de 60 anos e posso testemunhar que a professora foi militante teórica e política e que a as gerações dos últimos 60 anos têm um agradecimento a prestar a essa professora que muito nos honra”, declarou Campolina.

Fernando Pimentel recomendou que os economistas devem discutir os assuntos do XXII CBE sem esquecer do que disse Celso Furtado: “Só economistas acreditam que o problema da economia é estritamente econômico”. “Nunca percam de vista que a profissão de economista é essencial para construir um país mais feliz e esperançoso”, afirmou.

Após a cerimônia de abertura, foi apresentada a palestra magna do evento, proferida pelo economista argentino Roberto Frenkel.