Corecon-BA lança livro com reflexões de economistas baianos

BA1O Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA) reuniu profissionais e estudantes de economia no dia 11 de novembro, para o lançamento do livro “Reflexões de Economistas Baianos 2016”. O evento, realizado no Teatro Eva Herz, Livraria Cultura, teve como objetivo divulgar a obra, que reúne artigos assinados por profissionais seniores e por novos economistas que despontam na profissão. Entre os economistas convidados, o presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, e o doutor e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Wilson Cano, participaram no lançamento.


 “Esta é a 12ª edição do Reflexões. Lançado em 2002, na gestão do economista Antônio Valença, o livro consolida a iniciativa do conselho de criar um veículo próprio como um instrumento de reflexão e análises de diversos aspectos da conjuntura econômica do estado”, afirmou o presidente do Corecon-BA, Vitor Lopes. O presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, agradeceu o convite e reforçou a importância da iniciativa do Corecon-BA. “O livro, que estimula a análise e a discussão sobre assuntos da conjuntura econômica regional, a partir do trabalho de economistas locais, evidencia o importante papel que o Corecon-BA desempenha no sistema”, declarou Miragaya.

A edição 2016 foi organizada pelos economistas, professores e conselheiros regionais Gustavo Pessoti e Lívio Wanderley. Para o economista Gustavo Pessoti, “o livro é uma prestação de serviço do Conselho para a sociedade, ao trazer artigos que problematizam, mas também abordam proposições produtivas para a economia”. Já o professor Lívio Wanderley, destacou a organização da publicação, que segue uma sequencia coerente de temas que abrangem reflexões sobre desenvolvimento econômico, acumulação periférica de capital e ajustes recentes da economia.

No encerramento da programação, o professor Wilson Cano proferiu palestra sobre o atual cenário econômico. Cano iniciou sua reflexão com uma análise retrospectiva e geopolítica, partindo do mundo pós Segunda Guerra Mundial e culminando nos dias atuais. “A economia não é um ciclo infinito de crescimento. Ela obedece a movimentos cíclicos, que podem ser curtos, longos, superficiais ou mais profundos. Nenhum economista advinha isso, mas os bons em geral possuem um feeling e sabem quando as coisas não caminham bem”, afirmou Cano ao direcionar sua narrativa para o cenário econômico pós-guerra, sobretudo em solo norte-americano, e as medidas adotadas que resultaram no advento do neoliberalismo e impactaram a economia de todo o mundo, sobretudo de países em desenvolvimento como o Brasil.

“A adoção dos sistemas neoliberais, no que tange à formação da política econômica, colocou todos os países subdesenvolvidos numa camisa de força: manter juros altos, para atrair capital internacional, porque abriu a economia. Ao abrir a economia, e ao receber capital internacional, desvalorizou nossa moeda e, portanto, temos que manter o fluxo crescente de entrada de dólares. O governo é incapaz de controlar juros e dólar ao mesmo tempo”, explicou o professor Wilson Cano.

Cano também destacou as implicações sociais. “Isso foi imposto ao resto do mundo. Fizemos toda desregulação financeira, abertura comercial desregrada, e a reforma das relações trabalhistas vêm sendo feita aos poucos. Isso tem repercussão que as pessoas não se dão conta. Se arrebentou com todo espírito de solidariedade na sociedade, as pessoas não conseguem pensar no futuro dos seus filhos, pois não veem futuro para eles. Sua aposentadoria é colocada na mídia como algo que pode explodir a qualquer momento. É um mundo que não tem futuro, sem esperança. Tudo isso afeta as pessoas”, avaliou.

Segundo o docente da Unicamp, o dinamismo da economia brasileira foilançado na conta do consumo das famílias e das exportações, ente 2003 e 2010. O crescimento daqueles anos se deu porque as exportações cresceram mais que as importações e o consumo das famílias aumentou. Nos anos seguintes, a crise internacional é acentuada, desacelera as exportações e constrange o sistema internacional de crédito. “Crédito é como elástico, ele cresce até certo ponto, depois arrebenta e oque vemos é o alto grau de endividamento”, afirma Cano.

“Temos uma crise com 35 anos de existência, o que a torna mais dolorosa e complexa. Não está de maneira alguma contornada, diagnosticada, nem solucionada. O capitalismo não pode dar solução para essa crise”, concluiu o professor Wilson Cano.

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Fonte: Assessoria de Imprensa do Corecon-BA